Quando falamos sobre autismo, muitos imaginam comportamentos visíveis ou dificuldades de interação social. Mas o universo autista vai muito além disso — e inclui formas únicas de pensar, sentir e reagir ao mundo.
Alguns termos que fazem parte desse cotidiano — como hiperfoco, stims e masking — ainda são pouco compreendidos por quem está fora do espectro. E quanto mais informação tivermos sobre esses temas, mais respeito, empatia e inclusão poderemos construir.
Hiperfoco: quando o interesse vira paixão profunda
Você já conheceu alguém que é verdadeiro expert em um assunto específico? Que pode falar por horas sobre dinossauros, sistemas planetários, linhas de metrô ou personagens de determinado livro? Isso pode ser hiperfoco.
O hiperfoco é uma característica comum em muitas pessoas autistas. Trata-se de uma atenção intensa e altamente direcionada para um interesse específico, que pode durar horas, dias ou até anos.
Diferente de uma distração, o hiperfoco é um estado de concentração profunda — e, muitas vezes, prazerosa.
Embora possa parecer obsessão para quem observa de fora, o hiperfoco pode trazer muitos benefícios: aprendizado aprofundado, memorização extraordinária e desenvolvimento de habilidades raras. Em alguns casos, ele se transforma em carreira.
Respeitar e valorizar o hiperfoco é uma forma de entender o mundo a partir do olhar autista.
Stims: movimentos que regulam e acolhem o corpo
“Stims” é o nome popular para os comportamentos autoestimulantes, como:
• Balançar o corpo
• Mexer repetidamente as mãos
• Fazer sons ou repetir palavras
• Pular, rodar, bater os dedos
Esses comportamentos não devem ser reprimidos, pois funcionam como mecanismos de autorregulação emocional e sensorial.
Para pessoas autistas, o mundo pode ser um lugar barulhento, caótico, cheio de luzes, sons, toques e informações. Os stims ajudam o corpo a encontrar equilíbrio nesse excesso de estímulos.
Muitos autistas relatam que os stims trazem alívio, foco e tranquilidade — e que tentar suprimi-los causa mais estresse e ansiedade.
Masking: quando ser quem se é cansa demais
O masking (ou mascaramento) é um termo que descreve quando uma pessoa autista esconde ou reprime seus comportamentos naturais para se encaixar em padrões sociais.
Exemplos comuns:
• Forçar contato visual mesmo que seja desconfortável
• Suprimir stims em público
• Memorizar respostas sociais para parecer “adequado”
• Copiar gestos ou expressões de outras pessoas
Embora o masking possa ajudar a evitar julgamentos ou exclusão, ele cobra um preço alto: cansaço extremo, crises de ansiedade e até perda de identidade.
Muitas pessoas só recebem o diagnóstico de TEA na vida adulta justamente por terem “aprendido” a mascarar desde muito cedo.
Por isso, é fundamental criar ambientes seguros onde pessoas autistas não precisem se esconder para serem aceitas.
Por que você precisa saber sobre isso?
Porque compreender o autismo é ir além dos estereótipos.
• É enxergar que o balançar do corpo pode ser calma.
• Que o silêncio também pode ser linguagem.
• Que uma paixão intensa pode ser o caminho para o futuro profissional.
• E que não precisar se disfarçar para ser aceito é um direito de todos.
Hiperfoco, stims e masking não são “manias” ou “frescuras”. São partes do modo autista de existir — e merecem respeito, acolhimento e escuta.
Conte com a Unimed Mercosul
O Portal de Terapias Especiais é uma iniciativa da Unimed Mercosul que nasceu com o compromisso de oferecer informação segura, atualizada e empática sobre o universo do autismo.
Queremos que famílias, profissionais e pessoas com TEA encontrem aqui um espaço de apoio, conhecimento e inclusão.
Porque compreender é a primeira forma de cuidar.
Abril é o mês da conscientização do autismo. E todos os meses são tempo de aprender e incluir.